quinta-feira, 25 de abril de 2013

Victor Piranga - Arte e Ofícios de Trabalhar a Madeira

Victor Manuel Piranga Faria nasceu Lapas no ano de 1940 e viveu quase toda a vida na aldeia. Desde cedo começou a trabalhar na agricultura em Lapas, posteriormente trabalhou na Casa Nery e na ECA em Torres Novas.

O trabalho na madeira surge numa fase já tardia da vida já despois dos dos 60 anos, começou como uma brincadeira para passar o tempo livre. O primeiro trabalho foi uma réplica em miniatura de mobília de sala e quarto, depois nunca mais parou, cada trabalho serviu sempre para aperfeiçoar a técnica, fez várias réplicas de mobília, grande quantidade de pequenas arcas, uma bicicleta e várias casas de campo, que para além de ser um belo elemento decorativo de uma casa, também podem ter a funcionalidade de guardar coisas variadas no seu interior. 
O mobiliário de cozinha e o senhor Victor Piranga ao lado da réplica da Igreja
Existe uma certa nostalgia na sua obra, recordações do passado, como uma réplica da Ponte dos Pimenteis, outra da Ponte Antiga que ligava as Lapas à Banda Além, ligado à vida agrícola uma tarambola inspirada numa que existiu na Pomar do Oliveira, uma nora tradicional que servia para tirar água dos poços, ou uma Cegonha (picota), engenho que servia para tirar água do rio. Ou a impressionante replica do mobiliário de cozinha “dos pobres” que se inspirou na casa do país, que mostra algumas deliciosas particularidades da vida quotidiana de Lapas, nos anos 50 e 60 do século passado. Tais como, o cântaro de barro, alguidares, ou a estante “ a rede”.

Cada peça é única e deu um gosto especial fazer, porém, a réplica da igreja de Lapas, foi a peça que lhe deu mais prazer de fazer por toda a complexidade e desafios diariamente encontrava. Diz que toda a gente que vê considera que o trabalho é uma “autêntica cópia da igreja”. Investiu muitas horas de volta deste trabalho, “por vezes levantava-se às 6 da manhã e mal dormia sempre a pensar como haveria de resolver um problema na igreja”, mas também havia dias praticamente não pegava no trabalho, “há dias que a cabeça não estava para essas coisas” e desta forma é impossível contabilizar as horas para se fazer uma peça com esta.

Nunca vendeu nada, ofereceu sempre grande parte dos trabalhos aos familiares como recordação. Também não tem qualquer intenção de criar peças para venda, mas considera poder-se-ia desenvolver exposições onde os artesãos de Lapas podiam mostrar os seus trabalhos. De momento, está a trabalhar numa espécie de uma maquete em madeira de mais um monumento emblemático de aldeia. Qual será… isso é o autor que tem de explicar.

Fontes:
Entrevista áudio com Victor Manuel Piranga Faria, realizada em 18 Abr. 2013 

Um comentário:

  1. parabéns pai continua muitos anos assim.
    um abraço do teu grande ademirador e filho

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