Muita gente deve estar a
perguntar que bairro é este? Ao longo da sua “curta” existência já foi conhecido por muitos nomes… Bairro
da Cabrita, Bairro da Fábrica ou da Companhia… ou…
Bairro Almirante Américo Tomás,
Presidente da República a quando a inauguração a 6 de Julho de 1969. O Almirante
fez questão de estar presente no ato inaugural, tal como prova a antiga placa
comemorativa, algo esquecida numa arrecadação dentro do depósito da água no
interior do bairro. A placa de grandes dimensões (mais de 1,5m de largura) foi
retirada logo após o 25 de Abril de 1974, num período revolucionário quente. O
antigo nome deixou de estar na moda e Bairro começou a ser chamado do Bairro
da Fábrica e Bairro da Companhia. Recentemente,
como que uma homenagem ao homem que o mandou construir, passou a designar-se Bairro
António Medeiros de Almeida, que era o antigo dono da Fábrica Fiação e
Tecidos de Torres Novas.
Existe toda uma ligação entre o Bairro e a Fábrica Fiação e Tecidos de
Torres Novas, foi construído para substituir outro antigo Bairro que se
situava mais perto das instalações da fábrica, e tinha como esse, a função acolher
as famílias dos funcionários da fábrica originários de vários pontos do país (desde
o Alentejo, Trás-os-Montes, Chamusca…). Depois do 25 de Abril, a Companhia vendeu
as casas aos habitantes, atualmente, dos moradores mais antigos, a grande maioria
teve uma ligação laboral com a fábrica.
Dado que os moradores eram
provenientes de vários locais, durante algum tempo não existia uma ligação
cultural com a aldeia de Lapas, no entanto, com o passar dos anos, o conviver das
duas realidades foram aproximando as pessoas. O grande elo de ligação cultural
surgiu em 1985, com a construção do Campo
da Bola, tanto os moradores do Bairro como os moradores de Lapas eram
ferrenhos adeptos do Grupo Desportivo Juventudes de Lapas.
O jogo inaugural, a 18 de Junho de 1985, colocou frente-a-frente o G.D Juventude de Lapas e o C. D. Torres
Novas.
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Vista sobre o Bairro, mais tarde (lado esquerdo da foto) foram construidos novos edifícios. |
O outro elo de ligação entre as
duas margens do Almonda era a pequeníssima ponte dos Pimenteís que se encontra
atualmente em ruínas. Numa grande enxurrada de inverno, a velha ponte não
aguentou as forças das águas do Almonda e ruiu. Uma das razões avançadas por Chico da Chamusca é que os três moinhos dos Pimenteis, que ainda existem junto das ruínas da ponte, tinham
deixado de funcionar e assim não ajudaram a escoar as águas pelos seus canais,
que se encontravam fechados. Em trono da ponte e dos três moinhos “jaz nas ruínas” um rico património
histórico e cultural. A estreita ponte de pedra, que não tinha mais de um metro
de largura, com já foi dito, encontra-se em ruínas. Os dois moinhos da margem
mais próxima do Bairro, um está em avançado estado de ruína, o outro
encontra-se fechado e desconhecemos o seu estado de conservação. Melhor sorte teve
o moinho da margem oposta, que foi alvo de uma recuperação e serve, salvo erro,
como habitação. Contígua ao moinho existe uma Coudelaria de criação de Cavalo
Lusitano.
Fontes: Testemunho
áudio de Chico da Chamusca, 71 anos, ex. funcionário da fábrica Fiação e
Tecidos de Torres Novas e residente no Bairro há cerca de 40 anos.
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