domingo, 14 de abril de 2013

Bairro António Medeiro de Almeida

Muita gente deve estar a perguntar que bairro é este? Ao longo da sua “curta” existência já foi conhecido por muitos nomes… Bairro da Cabrita, Bairro da Fábrica ou da Companhia… ou…

Placa da inauguração
Bairro Almirante Américo Tomás, Presidente da República a quando a inauguração a 6 de Julho de 1969. O Almirante fez questão de estar presente no ato inaugural, tal como prova a antiga placa comemorativa, algo esquecida numa arrecadação dentro do depósito da água no interior do bairro. A placa de grandes dimensões (mais de 1,5m de largura) foi retirada logo após o 25 de Abril de 1974, num período revolucionário quente. O antigo nome deixou de estar na moda e Bairro começou a ser chamado do Bairro da Fábrica e Bairro da Companhia. Recentemente, como que uma homenagem ao homem que o mandou construir, passou a designar-se Bairro António Medeiros de Almeida, que era o antigo dono da Fábrica Fiação e Tecidos de Torres Novas.

Existe toda uma ligação entre o Bairro e a Fábrica Fiação e Tecidos de Torres Novas, foi construído para substituir outro antigo Bairro que se situava mais perto das instalações da fábrica, e tinha como esse, a função acolher as famílias dos funcionários da fábrica originários de vários pontos do país (desde o Alentejo, Trás-os-Montes, Chamusca…). Depois do 25 de Abril, a Companhia vendeu as casas aos habitantes, atualmente, dos moradores mais antigos, a grande maioria teve uma ligação laboral com a fábrica.

Dado que os moradores eram provenientes de vários locais, durante algum tempo não existia uma ligação cultural com a aldeia de Lapas, no entanto, com o passar dos anos, o conviver das duas realidades foram aproximando as pessoas. O grande elo de ligação cultural surgiu em 1985, com a construção do Campo da Bola, tanto os moradores do Bairro como os moradores de Lapas eram ferrenhos adeptos do Grupo Desportivo Juventudes de Lapas. O jogo inaugural, a 18 de Junho de 1985, colocou frente-a-frente o G.D Juventude de Lapas e o C. D. Torres Novas.

Vista sobre o Bairro, mais tarde (lado esquerdo da foto) foram construidos novos edifícios.
O outro elo de ligação entre as duas margens do Almonda era a pequeníssima ponte dos Pimenteís que se encontra atualmente em ruínas. Numa grande enxurrada de inverno, a velha ponte não aguentou as forças das águas do Almonda e ruiu. Uma das razões avançadas por Chico da Chamusca é que os três moinhos dos Pimenteis, que ainda existem junto das ruínas da ponte, tinham deixado de funcionar e assim não ajudaram a escoar as águas pelos seus canais, que se encontravam fechados. Em trono da ponte e dos três moinhos “jaz nas ruínas” um rico património histórico e cultural. A estreita ponte de pedra, que não tinha mais de um metro de largura, com já foi dito, encontra-se em ruínas. Os dois moinhos da margem mais próxima do Bairro, um está em avançado estado de ruína, o outro encontra-se fechado e desconhecemos o seu estado de conservação. Melhor sorte teve o moinho da margem oposta, que foi alvo de uma recuperação e serve, salvo erro, como habitação. Contígua ao moinho existe uma Coudelaria de criação de Cavalo Lusitano.   


Fontes: Testemunho áudio de Chico da Chamusca, 71 anos, ex. funcionário da fábrica Fiação e Tecidos de Torres Novas e residente no Bairro há cerca de 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário